O mês de Maio é comumente celebrado como mês das noivas e/ou das mães, ou seja, mobiliza nosso imaginário para focar num determinado tipo de mulher, repondo uma reflexão crítica sobre dois dos grandes desafios do feminismo desde sempre: o casamento e a maternidade. Esse mesmo imaginário se apresenta ainda numa ótica binária, que coloca outras mulheres na extremidade contrária. São aquelas que vendem fantasias e deleites para o prazer alheio, a puta, e, numa visão ainda mais ampla do ser feminino, a Geni do Chico e de todos nós. Os filmes escolhidos para o nosso cinePagu do mês de Maio expõem alguns paradoxos sócio-históricos de condições de exploração econômica e de discriminação vivenciadas nas relações de trabalho sexual e, ao mesmo tempo, propiciam um olhar mais amplo sobre todas as cores dessa experiência (muitas vezes limite ou marginal). Permitem ver que "essa prática milenar" é hoje um trabalho reconhecido enquanto tal e legalizado em alguns países. Nessas novas condições, o que se espera dessa conversa com uma pequena mostra de documentários (nacionais e estrangeiros) é pensa-los como denúncias de situações de trabalho precário sim, como muitos outros trabalhos, mas deslocam o conteúdo moral reservado ao trabalho sexual. Nem vitimizar as/os putos da vida e transformar em algozes aqueles que vêem no comércio um modo de lidar com prazer e gozo. Nem esquecer que, como qualquer outro trabalho, há exposição física e psíquica dos sujeitos envolvidos, há os trabalhos forçados, assim como há as escolhas e os encantamentos. Quando os filmes abordam os direitos sexuais, o que está em jogo é a luta por condições dignas de trabalho para quem presta um serviço considerado "sujo", e por outro lado, para que os/as consumidores respeitem quem lhes presta serviço. O CinePagu faz eco com a filmografia: embora prostituição não seja sinônimo de abuso ou violência, o abuso e a violência, em qualquer situação de trabalho, merece nossa indignação e luta pela erradicação.
Sobre os curtas que serão exibidos:
"Aurora", de Jurandir Muller e Kiko Goifman.
Sinopse:
Sinopse:
Um documentário de curta duração que aborda o corpo humano "marginal", aquele que vem sendo deslocado do eixo central da cidade. Estabelecendo um encontro entre estátuas abandonadas da cidade e velhas prostitutas, que insistem em seu ofício.

"Praça da Luz", de Carolina Markowicz e Joana Galvão
Prostitutas de idade avançada ganham a vida na Praça da Luz, em São Paulo. Relatos inusitados e surpreendentes de cinco mulheres que revelam em detalhes suas experiências em todos esses anos de profissão.
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